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10 Mitos do empreendedorismo de startups

O ecossistema de startups do Brasil tem crescido e amadurecido ano após ano, e sabemos que o Brasil é um país super empreendedor, mas fato é que ainda muitas startups tem quebrado por razões evitáveis, e grande parte delas em estágio muito inicial, seja por falta de orientação, base de educação empreendedora, ou até mesmo pela errada ideia de que é só desenvolver um aplicativo e procurar investidor. 

De qualquer forma, existem muitos mitos criados nesse meio que iniciantes tendem a acreditar, onde eu destaquei aqui, 10 mitos do empreendedorismo de startups, que precisam ser superados pelos fundadores desses novos negócios.  

Mito 1: “Vou ficar muito rico, em pouco tempo, com uma startup”

Esse além de ser um mito, é a motivação de muitos empreendedores a co-fundar uma startup. E essa expectativa por si, já demonstra o quão equivocado ele realmente está. É verdade que uma startup pode deixar seus fundadores extremamente ricos, mas isso não é algo simples de acontecer, ou muito menos algo rápido.

O intervalo de tempo que isso costuma demorar, é entre 5 e 10 anos, e a menos que você acha esse tempo pouco, é uma boa ideia repensar a respeito. Outro fator que vale ser lembrado é o risco que envolve o processo, em que não se tem garantia de dar certo, por ser uma startup, um modelo de negócio inovador e rodeado de incertezas. 

Mito 2: “É MAIS fácil empreender com Startups!”

Na verdade sempre presenciei declarações exageradas a esse respeito. Alguns dizem ser tão difícil, que beira o impossível, enquanto outros acham que é moleza. Ambos os extremos estão errados. Uma startup é uma empresa, e ela possui as mesmas características legais de todos os outros modelos de negócio existentes. O que acontece é que por ter sua base na tecnologia, e modelo enxuto, ela tem facilidade para crescer rapidamente, e escalar. Por outro lado, estar criando um negócio inovador, e diferente do que os consumidores estão acostumados, pode trazer certa dificuldade para conquistar seus primeiros clientes, devido a não ter tempo para construir ainda a credibilidade de uma nova forma de fazer as coisas.

Existe técnica e metodologia para isso mas não é nada óbvio. Não podemos deixar de lado o fato  de que criar uma startup vai tomar muito tempo e atenção dos seus fundadores. Criar uma startup exige dedicação, foco e disciplina,  então esteja pronto para trabalhar final de semana, feriado, virar a noite, cancelar a balada, e às vezes até viagens, e definitivamente abandone o sonho de ser nômade digital. 

Mito 3: “Vou conseguir milhares de clientes/usuários bem rápido ou investindo pouco!”

Esse aqui é um mito que tem origem no excesso de otimismo do empreendedor, principalmente iniciante. Até porque o desafio está muito além de apenas conseguir muitos clientes, mas também de mantê-los, e de equilibrar a velocidade e o custo que eles te trazem. Sim, existe custo para adquirir cada cliente que você consegue, e dependendo da complexidade da sua operação, pode até ser difícil quantificar esse custo.

Então, não fique pensando que basta comprar ads nas redes sociais que tudo vai dar certo. É importante ter clareza de quem é realmente seu cliente, e quão a forma mais efetiva de atingi-los. Quando você é uma nova startup, você não tem uma marca conhecida e nem canais de distribuição super poderosos, além de ter que priorizar onde alocar seus escassos recursos. Apesar disso, seu maior desafio não será ter o dinheiro, ou um bom plano, e sim conseguir os dados necessários, para conseguir basear sua estratégia de aquisição e depois de tração.

Mito 4: “Vou conseguir investimento rapidamente!”

Bem, é muito comum pensamentos equivocados sobre o investimento em startups, desde a razão, do investimento, ao momento certo, e como escolher o investidor. Porém ainda que tenha tudo certo, um investimento leva tempo, principalmente pelo risco envolvido que influencia muito a decisão dos investidores. Risco é como uma doença incurável, e sempre estará presente no cenário, então o que você pode fazer é aprender a lidar com ele, e na melhor das hipóteses tirar aspectos positivos sobre isso, porém definitivamente não é rápido, assim como o acesso a investimento.

Estima-se que demore em torno de 2 anos o tempo entre quando um investidor conhece uma startup, e efetivamente investe nela. Além disso, captação é uma atividade que toma tempo full time de um membro do time, exatamente para agilizar o processo que já por si é demorado e por isso não pode ter gargalos ou falhas de comunicação. 

Mito 5: “O mercado potencial é de R$ XXXX e por isto eu tenho como ganhar muita grana!”

Quem está acostumado a lidar com startups e ver muitos pitches, com certeza já se deparou com esse tipo de afirmação. “Estou em uma mercado de U$ 500 bilhões, então se eu pegar 1% desse mercado, já serei um unicórnio!”. Sempre falam 1% e não fazem ideia de que mercados grandes e pulverizados são bem difíceis de construir uma atuação relevante.

Além do óbvio, de que estar em um mercado grande pressupõem fortes concorrentes, que necessitam de uma resposta clara do empreendedor de como tem uma estratégia concisa para superá-los. Se um empreendedor não conseguir de fato resolver o problema dos clientes, não importa o tamanho do mercado, e nem a beleza do produto, pois esse modelo está está destinado a fracassar.

Mito 6: “Se deu certo no Vale do Silício, vai dar certo no Brasil!”

Essa é outra ideia equivocada que muitas pessoas têm, em usar o Vale do Silício como referência para ações no Brasil e outros lugares do mundo. Reflita um instante e perceberá, que o Brasil é muito mais parecido com a América Latina de uma forma geral, Sul da Europa e até alguns países da Ásia no que diz respeito ao ecossistema de startups, e o Vale do Silício pelo contrário é um caso raro e único no mundo.

Para emulá-lo seria necessário emular todas as condições favoráveis que existem lá, sendo elas políticas, econômicas e culturais, que não são vistas nessas outras regiões. E não estou falando aqui sobre regionalização dos negócios, a tão famosa “tropicalização”, e sim sobre aspectos macro de polos onde a inovação e a tecnologia tendem a florescer. 

Mito 7: “Uma empresa digital só precisa de um desenvolvedor e um designer!”

Esse é um mito que causa polêmica. Empreendedores ainda não maduros, tendem a acreditar que basta fazer um produto para ter uma startup de sucesso, e por isso tendem a achar que os clientes querem o produto e não resolver seus próprios problemas, e acabam desprezando a ótica do cliente, e suas demandas. Isso também acontece com os aspectos administrativos envolvidos, desde formalizar a empresa, a pagamento de impostos, controle financeiro, visão de investimentos, estratégia de negócio, contratações, e pasmem… vendas!

Tem muita coisa para fazer em uma startup, e todos que já fundaram uma sabem que todos ali são multifunção, porém tem competências chaves que fogem do escopo de um time apenas técnico. E cá entre nós, nunca vi uma startup quebrar por falta de tecnologia. 

Mito 8: “Tive uma ideia milionária! Não posso falar ela para ninguém”

Quem nunca ouviu isso de algum empreendedor de primeira viagem?  Investidores, aceleradoras, fundos, e outras empresas e pessoas que lidam com muitas startups, jamais assinarão termos de confidencialidade sobre ideias de empreendedores, até porque é muito provável que já tenho ouvido a mesma ideia de alguém antes.

Quem já está a mais tempo no ecossistema sabe muito bem que exatamente por essa razão ideias não valem nada, e sim a execução. E quem executa é a equipe, sendo assim o ativo mais valioso de uma startup. É muito improvável que outros empreendedores que também tem suas ideias, parem tudo o que já estão fazendo para copiar uma ideia de coisas que ele não conhece e não domina, mas se está pronto para ouvir algo agora, aperte os cintos pois trago verdades: “Se você contou sua ideias para alguém, e essa pessoa executou melhor do que você, acho que você não merecia mesmo essa ideia.”

Mito 9: “Saí na mídia! Agora o negócio vai bombar!”

Nesse caso é muito mais uma questão de ego do que de resultado. No ecossistema chamamos de “métrica de vaidade” que é quando você quer demonstrar um desempenho em algo que não é um verdadeiro critério de sucesso. É claro que é inteligente capitalizar uma aparição na mídia para vender mais, mas apenas quando você está pronto para responder bem a essa demanda, ou essa aparição pode até quebrar a empresa, ou trazer uma percepção de má qualidade do serviço, o que no longo prazo acaba também por quebrar qualquer startup. É importante se lembrar que mesmo que uma startup esteja no ponto de maturidade correto, e tenha espaço em uma mídia de massa, não necessariamente seus clientes em potencial estarão acessando aquela mídia específica, então muita calma nessa hora!

Mito 10: “Empreendedorismo não é uma carreira viável.”

Novamente uma bipolaridade acontece. Alguns consideram empreender apenas para pessoas iluminadas por conhecimentos de outro mundo, ou muito ricas a ponto de constituir a difícil tarefa de empreender, enquanto outros consideram uma coisa muito simples que qualquer um pode fazer, ou a forma mais fácil de empreender, como dito no mito 2. Mas fato é que como muitas coisas na vida, empreender é sim muito bom, e pode dar um bom resultado e padrão de vida para alguém disposto a pagar o preço que essa forma de trabalho e vida exigem.

Nosso maior desafio foi a cultura da geração anterior, buscando estabilidade e fazendo juízo de valor sobre empreender ser algo não ético, sendo que empreender é algo excelente, pois enriquece o país, e gera emprego e inovação. Precisamos de muito mais empreendedorismo no Brasil, principalmente o empreendedorismo inovador, através de startups, e inovação corporativa com intraempreendedorismo e fomento.

Bem pessoal, o que acharam  dos 10 mitos do empreendedorismo? O material deste post faz parte do material de um workshop co-criado por mim, chamado Colisões, e que tem foco no fomento de empreendedorismo inovador em startups e grandes empresas. 

Espero que tenham gostado do assunto, e comentem sobre suas percepções e insights desses mitos.

Até a próxima!

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6 thoughts on “10 Mitos do empreendedorismo de startups”

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